Rodrigo Seixas, 32 anos, foi morto durante combate ao enfrentar a criminalidade, na capital gaúcha
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Em meio a tantas instituições desacreditadas, a Brigada Militar tem sido um porto seguro à sociedade gaúcha. Ainda assim há aqueles - por má-fé ou ignorância - que veem na BM um serviço questionável ou, o pior, desnecessário. O fato é que, dia após dia, são esses valorosos soldados - citados, aqui, na acepção da palavra (do sargento ao alto escalão) - que garantem a ordem e evitam o caos em meio a um sistema falido e combalido financeiramente.
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A morte de dois PMs, nesta semana, em operação num ponto de drogas na Capital evidencia uma trágica inversão de valores: o choro do lado certo da história e de quem representa o bem em meio a uma sociedade tão flagelada e conflagrada pela criminalidade. Independentemente de tudo - parcelamento de salários, elevado estresse (próprio do ofício) e o risco iminente que a farda impõe - é o PM que estará, seja a hora e o dia que for, pronto para atender a todos nós.
É, dentro da hierarquia da atividade pública, sem dúvida alguma, o mais importante e fundamental serviço que o cidadão tem a seu dispor. Sem ver classe social, escolaridade, cor, religião, é o soldado quem irá, com o respaldo da lei, dar o aconselhamento ou encaminhamento acerca da situação que for. Nem por isso, fica livre de rompantes e de escutar todo tipo de impropério de uma sociedade que não respeita nem sabe se fazer respeitar.
Essa sociedade que apenas sabe apontar o dedo é a mesma que não reconhece nem valoriza o papel da polícia. Ao contrário de tantos outros serviços públicos, que funcionam com horário e, muitos, com dias marcados, a BM está aí, meu amigo, pelo 190 (seja para receber trotes maldosos) e, principalmente, nas ruas. Sempre haverá um policial para atender a uma simples ocorrência de acidente de trânsito, um caso de Lei Maria da Penha (que quase sempre resulta em feminicídio) e, ainda, combatendo o tráfico de drogas (seja numa "boca de fumo" ou em frente a uma escola). Esse é apenas um breve recorte da importância desse único profissional habilitado a atuar nas mais variadas frentes.
Não poderiam ser essas mães, esposas e filhas a chorar a morte de um filho e de um pai. Quando um combatente tomba, cai também junto com ele, um pouco de cada um de nós. O choro incontido da viúva e dos colegas é a representação de um Estado que, de longa data, falhou na manutenção da segurança pública e que coloca na conta da BM toda esse saldo de negligência e de políticas defasadas e outras tantas sem continuidade.
Encastelados, políticos sempre se esquivaram de suas responsabilidades e adotam falas protocolares ao justificar a perda de combatentes contra o crime fortemente organizado e armado. Pelo menos, o jovem governador Eduardo Leite (PSDB) esteve junto às famílias dos PMs mortos ao mostrar humanidade e consideração. Em um gesto nobre, poucas vezes visto, um governador se curvou perante a uma mãe e a uma esposa e deu seu pesar.
Mas uma das falas mais contundentes e verdadeiras partiu do tenente-coronel Sérgio Alex Laydner Medina que visivelmente emocionado, e com a voz embargada, sentenciou que a BM seguirá cumprindo com seu dever mesmo que isso implique na perda da vida de oficiais. Medina lembrou ainda que a polícia invariavelmente enfrenta criminosos reincidentes e que seguem soltos mesmo com uma vasta e perigosa ficha de crimes.
O fato é que a opção pelo crime não se dá por falta de estudo ou de oportunidade, entre tantos outros discursos rasos e na linha do politicamente correto, que certos setores tentam replicar e emplacar à exaustão. Ela se dá, sim, por índole e por falta de caráter. Bandido deve ser pego e preso. E quando em enfrentamento com a polícia, que caia sempre o criminoso. E se acha que não é para tanto, saiba que quando um bandido aponta uma arma (e dispara) contra um policial, ele não mira apenas no soldado. Mas, sim, a todos nós.